sábado, 16 de janeiro de 2010


Esboço de um dia desfeito

O olhar fixo na ternura inventada dela. O olhar pro alto, implorando ajuda, mesmo que de um lugar improvável para ela, do céu. Ele seco, como uma folha antiga. As mãos em uma dança, procurando a interpretação perfeita. As dele estáticas, prontas para um recuo. Em uma trepidação irritante a voz dela aponta toda a sua insegurança. A firmeza dele grita, apenas a lembrando de como o jogo está invertido hoje. A memória voa. A aparência inquieta. A memória pousa em um momento triste. Aflito. Ele não pode controlar a situação do seu modo, não dessa vez. Os vestígios de segurança vão se esvaindo a cada pouso de sua memória também pessimista. Os motivos vão passando aleatoriamente por sua cabeça. A tentativa inútil de interpretar seus gestos. A boca entreaberta, pronta pra concluir o que foi planejado dias atrás. A respiração muda o tom. Do outro lado ela atinge a mínima possibilidade de coragem. Coração pra ele já está em segundo plano, depois do dia em que foi dilacerado. Coração pra ela agora está em primeiro plano, depois do dia em que dilacerou um outro. A seriedade, comprovando todo o medo inicial. O olhar despenca, vai ao chão. Um movimento brusco indica a insatisfação. Volta a afeição inicial, que de tão suave, soa falsa. A falta grita, implora. Como um turbilhão. Mil momentos vêm á tona. Pontos de vistas entram conflito. Fragmentos procuram lucidez. Encontram. As mãos, doces, se encontram. O brilho opaco se esvai. É real, como um dia já foi. Não é como antes, é mais doce. É mais amor. Não existe mais distância. Pra ela. Não é um final feliz, é a procura por um começo. A luz do dia apega-se à realidade. Agora é a saudade quem reivindica seu abrigo. O olhar mais uma vez fixo no céu. Disperso. Um roteiro otimista aponta o caminho, mesmo quando não é mais necessário...
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3 comentários:

Achim disse...

VINDO DE QUEM VEM
ATÉ QUE ESSE BLOG É AGRADAVEL

Júnior de Paiva / Dish disse...

Bela imagem do mestre Bansksy!
Então, vc ainda sofre com um amor desfeito?

"O brilho opaco se esvai. É real, como um dia já foi. Não é como antes, é mais doce. É mais amor. Não existe mais distância. Pra ela. Não é um final feliz, é a procura por um começo."

gostei disso, como se tudo terminasse na ausência da cor, aonde a cor significaria a intensidade do sentimento!
O brilho reflete a intensidade!

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Beijo e obrigado por seguir meu blog!

Mariana disse...

Perfeito. O melhor.