sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


Tipinho, por J.R.Wills.

Eu sou aquele tipinho encrenqueiro.
Do tipo idiota.
Que se incomoda com coisas,
que não me dizem respeito.
Sou tipinho falastrão.
Monopolizo conversas.
Corto as pessoas enquanto estão falando.
Sou um completo imbecíl inconveniente.
Desorganizado, depressivo e bipolarmente eufórico.
Ouço músicas que ninguém gosta.
Sou completamente irritante.
Arrogante e insuportável.
Gosto de longas discussões,
que não levam a nada.

Quero exigir respeito.
De todas as pessoas.
Principalmente de pessoas,
sem qualquer consideração por mim.
Ajudo a todos e espero reconhecimento.
O que invariavelmente não acontece.
Por isso também sou do tipinho frustrado.

Sou chato, sem graça e geralmente um completo mala.
Falo verdades constrangedoras.
Tenho uma forte tendência a não ser objetivo.
Costumo atrair confusão facilmente.
Dou longas voltas para falar a mesma coisa.
Sou repetitivo, faço uso de analogias.
Nunca deixei nenhuma mulher caída por mim.
Nunca fiz nenhuma mulher se rastejar.
Estrago toda e qualquer possibilidade,
de alguém me levar a sério.

A maioria das pessoas me considera,
completamente dispensável.
Faço jogos sentimentais que não ajudam.
Guardo coisas dentro de mim,
que eu não gostaria de lembrar.
Não tenho amigos.
Nem alguém disposto a fazer companhia.

Sou o tipo fracassado.
Do tipo inútil que está sempre fudido.
Trabalho horas e horas.
Semanas e semanas.
Meses e anos e (…) NADA.
Sou azarado e pé frio.
Sou um cara solitário.

Escrevo para dar sentido à coisas,
que no fundo não representam algo relevante.
Sou o último tipinho de pessoa,
que você quer ou precisa conhecer.

Mas mesmo assim,
acredite, no pior dia da sua vida,
nas situações onde amigos e parentes,
te virarem as costas,
quando você estiver em um casamento fracassado,
quando você se deparar com uma vida,
muito distante do que você sonhou,
quando você achar que nada mais tem jeito,
estranhamente é de mim que você sentirá falta.

E tudo que antes parecia uma completa chatice,
começarão a fazer sentido e se encaixarem de uma forma.
que nem você mesma vai conseguir entender.

Porque no fundo você sabe,
que por pior que eu possa ser,
eu sou o único que iria até o fim ao seu lado.
O único que não falou da boca pra fora.
O único que é do fronte, que dá a cara a tapa.
Que daria uma vida por você.

E quando você achar que é tarde demais para se redimir da culpa,
para sua surpresa eu estarei lá, para estender a única mão que você precisará.
Porque mesmo não fazendo sentido para você agora,
eu já sei o fim da história.

J.R.Wills
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011


casos antigos

Linhas expressivas refletindo porções de necessidade. Entrelinhas implícitas buscando lucidez. Fatos consumados expressando o normal, e o diferente. Verdades inconstantes procurando segurança. O auto-retrato imperfeito do caos interior.
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amor aos pedaços

Meu menino dos olhos verdes e palavras doces. O menino que vira um herói me protegendo do lado escuro do quarto. Que me abraça pra não precisar dizer nada e ter certeza que vou entender todas as palavras que ele diria, se pudesse. Aquele que me vê distraída e me traz de volta ao chão, mesmo voando. O rosto que a minha mão desvenda como um mapa, querendo entender como foi tão fácil, e ao mesmo tempo difícil, encontrar o tesouro no fim do arco-íris. O meu menino, que aqui dentro é indefeso, mas lá fora é um gigante pra defender as suas, e as minhas, loucuras. A criança interior, e o homem exterior. Aquele que, ás vezes, voa tão longe que me deixa entorpecida aqui no chão. A pessoa que me faz querer fugir para a casa mais alta da colina, com a varanda mais linda e o gramado mais verde e macio, só pra não ter que dividi-lo com mais nada desse mundo frio e cinza. A parte real da minha vida, mas a que mais parece uma daquelas minhas fantasias de criança mimada. O garoto que me faz querer cantar no chuveiro, chorar de saudade, rir sozinha e no meio disso tudo, ainda manter minha fama de rebelde sem causa e depressiva irremediável. O único que me trouxe algo que eu precisava, e pedia tanto, ao mesmo tempo que o mundo pensava, e até eu mesma, que vivia muito bem sem. Que fez florescer em mim o que era tão interno e imperceptível, quase nulo, e que hoje percorre e devora tudo o que vê pela frente. Aquele que enquanto dirige segura minha mão e me olha como se quisesse que eu nunca fosse embora. O encrenqueiro que briga comigo quando pensa que esqueci de ligar, quando, na verdade, eu estou me segurando apenas por querer te deixar dormir um pouco mais. O teimoso que diz que eu não sou eu mesma quando grito sentir sua falta desse meu jeito desvairado, mesmo quando não há nenhum desejo subjetivo nisso. É só isso, eu estou aqui e eu te quero comigo, do jeito mais cru possível. O herói que eu vejo toda vez que te observo dormir e te abraço mais forte, imaginando ter você desse jeito por dias, meses, anos...Me apego a isso até não ter mais fala, reação, ar. A pessoa que eu criei como parte do meu corpo, para não ter que largar por aí, enquanto não estou em mim mesma. O amor que derruba todas as dúvidas e não tem medo de provar isso, não para o mundo, mas para nós mesmos. O que me faz sonhar acordada quando não está comigo e que me faz querer matar o tempo para que ele não passe quando estou contigo. O meu menino, minha criança corajosa, a pessoa da minha vida e o homem que me dá o ar todos os dias, apenas por existir debaixo do mesmo céu que o meu. Que já me conhecia antes de me amar e que já me amava antes de me conhecer. Você que é a materialização de todos os meus pedidos mais secretos apenas por ser...Você.
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terça-feira, 18 de janeiro de 2011


E era possível.

O garoto que me faz querer cantar no chuveiro, chorar de saudade, rir sozinha e no meio disso tudo, ainda manter minha fama de rebelde sem causa e depressiva irremediável...
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011


ps:

...e o que era tão interno e imperceptível, quase nulo, hoje percorre e devora tudo o que vê pela frente.
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