(r)evolução.

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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013


Não é depressão


Não é depressão, é só uma vontade louca de fugir para o Atacama e cambalear atrás de uma miragem para o resto da vida. Não é depressão, é só querer cortar os pulsos cada vez que você aparece com a louca de nariz empinado e dá um sorrisinho torto na minha direção. Não é depressão nem quando eu quero afundar no colchão e deixar o mundo me engolir pouco a pouco. Mesmo assim não é depressão. Até a sensação de querer desistir a cada merda de tijolo que me atiram na cara não pode ser considerada tal distúrbio. Eu sei que não é. Não é depressão quando eu ligo 57 vezes seguidas e nem quando eu bombardeio sua caixa de email com citações do Caio Fernando de Abreu. Nem Freud pode explicar, mas se eu tivesse tomado vergonha na cara e terminado aquela graduação em psicologia, com certeza convenceria todo mundo de que isso não chega perto de ser depressão. Não é depressão só porque minha mãe entra no meu quarto para abrir as cortinas fechadas desde o domingo passado e nem porque ela comprou aquele best seller de auto-ajuda no meu aniversário.  Não é depressão, é só querer deitar no chão do banheiro e deixar a água cair na cabeça por uns 5 anos seguidos, no mínimo. Mesmo assim não é depressão, eu juro.
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sexta-feira, 8 de abril de 2011


A cura já está, desde o começo, na doença.

E me abrandava o fato de ter passado por aquele estado breve e leviano de me apaixonar. Sempre via isso como aqueles alertas de perigo, pedindo desesperadamente para ninguém se aproximar. E eu me aproximei. Na verdade, eu fui mais além. E era exatamente essa atitude desvairada que me fazia agradecer todos os dias, para algo inexistente, por ESTAR – no maiúsculo mesmo - apaixonada. E eu não me detinha em apenas fortalecer isso mentalmente não. Eu queria mesmo era deixar explícito em cada detalhe bobo que aquela teoria que me enfiaram garganta abaixo esses anos todos, tinha se transformado em nada menos que pó. Estaria disposta a cuspir isso na cara de qualquer um que se atrevesse a atirar mais mentiras como essas sobre mim. Eu tinha descoberto a verdade e não deixaria que ninguém viesse de mansinho e, contra minha vontade, arrancasse esses meus – como me diziam mesmo? – ah, deletérios.
A partir daí tudo virou um destino que eu apenas imaginava lá do começo da minha caminhada. Um lugar que poderia ser qualquer coisa, desde que não dependesse da minha imaginação. E para orgulho geral, dessa vez eu estava me podando aos pouquinhos dos efeitos colaterais que ela tanto me esbofeteou dia após dia. Mas, só após sentir de fato tudo isso, foi que aprendi que não adianta ler a bula pra se esquivar deles. É preciso esvaziar o pote e procurar desesperadamente pela cura para que, com o tempo, você descubra que ela nunca existiu ali. Era só mais um fruto da sua ingênua criatividade, tão vulnerável e dependente da sua aprovação que apenas seguia as ordens que você mesmo ordenava.
É – como dizem, mais uma vez – você cavando seu próprio buraco. Mas eu aprendi, depois de tanto tempo alimentando metodicamente esse costume falho, a me certificar que, logo após cavar esse buraco, eu não vá me jogar dentro dele. 
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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011


Construção

Ainda há quem se engane alegando que infelicidade não é sempre bem vinda. E só eu sei que tive que ser muito infeliz pra preparar esse meu terreno, pra quando, enfim, minha felicidade chegasse. E quando ela chegou, que alívio. Á recebi com o mais largo sorriso, o mais forte dos abraços e um brilho nos olhos jamais visto. E continuei construindo a marteladas, um lugar que a fizesse sempre ficar. Muitas vezes ela quebrou, eu consertei. Quando ela sangrava, eu usava toda a minha experiência para tentar, só tentar, curá-la. Muitas vezes ela me veio, sem muita gentileza, dizer que estava partindo, e que ia procurar estruturas mais sólidas. E eu, no ápice do meu desespero, me fechava para obras e me reformava constantemente, pra provar pra ela que eu também podia ser igual a casa do vizinho. Me quebrava e me consertava, apenas para nunca ter que me despedir daquele hóspede. E eu não me engano, eu sei que ainda vou ter que me remendar muito para fazê-la permanecer nesta casa danificada.
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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


Tipinho, por J.R.Wills.

Eu sou aquele tipinho encrenqueiro.
Do tipo idiota.
Que se incomoda com coisas,
que não me dizem respeito.
Sou tipinho falastrão.
Monopolizo conversas.
Corto as pessoas enquanto estão falando.
Sou um completo imbecíl inconveniente.
Desorganizado, depressivo e bipolarmente eufórico.
Ouço músicas que ninguém gosta.
Sou completamente irritante.
Arrogante e insuportável.
Gosto de longas discussões,
que não levam a nada.

Quero exigir respeito.
De todas as pessoas.
Principalmente de pessoas,
sem qualquer consideração por mim.
Ajudo a todos e espero reconhecimento.
O que invariavelmente não acontece.
Por isso também sou do tipinho frustrado.

Sou chato, sem graça e geralmente um completo mala.
Falo verdades constrangedoras.
Tenho uma forte tendência a não ser objetivo.
Costumo atrair confusão facilmente.
Dou longas voltas para falar a mesma coisa.
Sou repetitivo, faço uso de analogias.
Nunca deixei nenhuma mulher caída por mim.
Nunca fiz nenhuma mulher se rastejar.
Estrago toda e qualquer possibilidade,
de alguém me levar a sério.

A maioria das pessoas me considera,
completamente dispensável.
Faço jogos sentimentais que não ajudam.
Guardo coisas dentro de mim,
que eu não gostaria de lembrar.
Não tenho amigos.
Nem alguém disposto a fazer companhia.

Sou o tipo fracassado.
Do tipo inútil que está sempre fudido.
Trabalho horas e horas.
Semanas e semanas.
Meses e anos e (…) NADA.
Sou azarado e pé frio.
Sou um cara solitário.

Escrevo para dar sentido à coisas,
que no fundo não representam algo relevante.
Sou o último tipinho de pessoa,
que você quer ou precisa conhecer.

Mas mesmo assim,
acredite, no pior dia da sua vida,
nas situações onde amigos e parentes,
te virarem as costas,
quando você estiver em um casamento fracassado,
quando você se deparar com uma vida,
muito distante do que você sonhou,
quando você achar que nada mais tem jeito,
estranhamente é de mim que você sentirá falta.

E tudo que antes parecia uma completa chatice,
começarão a fazer sentido e se encaixarem de uma forma.
que nem você mesma vai conseguir entender.

Porque no fundo você sabe,
que por pior que eu possa ser,
eu sou o único que iria até o fim ao seu lado.
O único que não falou da boca pra fora.
O único que é do fronte, que dá a cara a tapa.
Que daria uma vida por você.

E quando você achar que é tarde demais para se redimir da culpa,
para sua surpresa eu estarei lá, para estender a única mão que você precisará.
Porque mesmo não fazendo sentido para você agora,
eu já sei o fim da história.

J.R.Wills
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011


casos antigos

Linhas expressivas refletindo porções de necessidade. Entrelinhas implícitas buscando lucidez. Fatos consumados expressando o normal, e o diferente. Verdades inconstantes procurando segurança. O auto-retrato imperfeito do caos interior.
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amor aos pedaços

Meu menino dos olhos verdes e palavras doces. O menino que vira um herói me protegendo do lado escuro do quarto. Que me abraça pra não precisar dizer nada e ter certeza que vou entender todas as palavras que ele diria, se pudesse. Aquele que me vê distraída e me traz de volta ao chão, mesmo voando. O rosto que a minha mão desvenda como um mapa, querendo entender como foi tão fácil, e ao mesmo tempo difícil, encontrar o tesouro no fim do arco-íris. O meu menino, que aqui dentro é indefeso, mas lá fora é um gigante pra defender as suas, e as minhas, loucuras. A criança interior, e o homem exterior. Aquele que, ás vezes, voa tão longe que me deixa entorpecida aqui no chão. A pessoa que me faz querer fugir para a casa mais alta da colina, com a varanda mais linda e o gramado mais verde e macio, só pra não ter que dividi-lo com mais nada desse mundo frio e cinza. A parte real da minha vida, mas a que mais parece uma daquelas minhas fantasias de criança mimada. O garoto que me faz querer cantar no chuveiro, chorar de saudade, rir sozinha e no meio disso tudo, ainda manter minha fama de rebelde sem causa e depressiva irremediável. O único que me trouxe algo que eu precisava, e pedia tanto, ao mesmo tempo que o mundo pensava, e até eu mesma, que vivia muito bem sem. Que fez florescer em mim o que era tão interno e imperceptível, quase nulo, e que hoje percorre e devora tudo o que vê pela frente. Aquele que enquanto dirige segura minha mão e me olha como se quisesse que eu nunca fosse embora. O encrenqueiro que briga comigo quando pensa que esqueci de ligar, quando, na verdade, eu estou me segurando apenas por querer te deixar dormir um pouco mais. O teimoso que diz que eu não sou eu mesma quando grito sentir sua falta desse meu jeito desvairado, mesmo quando não há nenhum desejo subjetivo nisso. É só isso, eu estou aqui e eu te quero comigo, do jeito mais cru possível. O herói que eu vejo toda vez que te observo dormir e te abraço mais forte, imaginando ter você desse jeito por dias, meses, anos...Me apego a isso até não ter mais fala, reação, ar. A pessoa que eu criei como parte do meu corpo, para não ter que largar por aí, enquanto não estou em mim mesma. O amor que derruba todas as dúvidas e não tem medo de provar isso, não para o mundo, mas para nós mesmos. O que me faz sonhar acordada quando não está comigo e que me faz querer matar o tempo para que ele não passe quando estou contigo. O meu menino, minha criança corajosa, a pessoa da minha vida e o homem que me dá o ar todos os dias, apenas por existir debaixo do mesmo céu que o meu. Que já me conhecia antes de me amar e que já me amava antes de me conhecer. Você que é a materialização de todos os meus pedidos mais secretos apenas por ser...Você.
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terça-feira, 18 de janeiro de 2011


E era possível.

O garoto que me faz querer cantar no chuveiro, chorar de saudade, rir sozinha e no meio disso tudo, ainda manter minha fama de rebelde sem causa e depressiva irremediável...
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011


ps:

...e o que era tão interno e imperceptível, quase nulo, hoje percorre e devora tudo o que vê pela frente.
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domingo, 12 de dezembro de 2010


faulted conductor.

Todo dia me pergunto em como seria optar pela razão. Nesses desvios e encontros, a emoção não faz mais sentido. VOCÊ ME DECEPCIONOU. Todos os dias alguém ou algum fato tenta te convencer de que isso não tem volta. Inacreditável as coisas que você faz quando pensa ter algo que não é verdadeiramente seu. Cria laços frouxos na esperança do outro apertá-los, ao passo que você se envolve. E isso não acontece. Você grita, esperneia, e ninguém escuta. São rostos pacíficos em meio ao caos e só você não entende em que linhas sinuosas você andou esse tempo todo. Onde você esteve quando todos tentavam te avisar que nada mais seria verdadeiro? Mesmo que no fundo da sua alma faminta, você queira lutar mais e mais. E esse motivo pelo qual você lutou todos os dias, está te fazendo desistir. Quando, enfim, essa orquestra ficar muda aqui dentro, eu vou me lembrar desse silêncio.
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sexta-feira, 26 de novembro de 2010


máquina de pinball

Me peguei pensando em como todo mundo atira pro nada, querendo acertar em algo valioso. Não é seu objetivo, mas os obstáculos vão te trazer alguma cicatriz, e da próxima vez que se atirar, vai pensar bem em como desviar para evitá-los. NÃO ADIANTA. Não adianta desviar, retardar ou correr. Você é programado a bater de frente com todos, até perceber qual realmente vale a pena. O arco-íris pode ser o pote de tesouro e você nem sabe.
E quer saber? NÃO ADIANTA. Quem está te vendo jogar, não quer saber seu caminho. Quer saber seu ponto final.

Onde você vai estar no fim da partida?
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