quinta-feira, 31 de janeiro de 2013


Não é depressão


Não é depressão, é só uma vontade louca de fugir para o Atacama e cambalear atrás de uma miragem para o resto da vida. Não é depressão, é só querer cortar os pulsos cada vez que você aparece com a louca de nariz empinado e dá um sorrisinho torto na minha direção. Não é depressão nem quando eu quero afundar no colchão e deixar o mundo me engolir pouco a pouco. Mesmo assim não é depressão. Até a sensação de querer desistir a cada merda de tijolo que me atiram na cara não pode ser considerada tal distúrbio. Eu sei que não é. Não é depressão quando eu ligo 57 vezes seguidas e nem quando eu bombardeio sua caixa de email com citações do Caio Fernando de Abreu. Nem Freud pode explicar, mas se eu tivesse tomado vergonha na cara e terminado aquela graduação em psicologia, com certeza convenceria todo mundo de que isso não chega perto de ser depressão. Não é depressão só porque minha mãe entra no meu quarto para abrir as cortinas fechadas desde o domingo passado e nem porque ela comprou aquele best seller de auto-ajuda no meu aniversário.  Não é depressão, é só querer deitar no chão do banheiro e deixar a água cair na cabeça por uns 5 anos seguidos, no mínimo. Mesmo assim não é depressão, eu juro.
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