Não é depressão, é só uma vontade louca de fugir para o
Atacama e cambalear atrás de uma miragem para o resto da vida. Não é depressão,
é só querer cortar os pulsos cada vez que você aparece com a louca de nariz
empinado e dá um sorrisinho torto na minha direção. Não é depressão nem quando
eu quero afundar no colchão e deixar o mundo me engolir pouco a pouco. Mesmo
assim não é depressão. Até a sensação de querer desistir a cada merda de tijolo
que me atiram na cara não pode ser considerada tal distúrbio. Eu sei que não é.
Não é depressão quando eu ligo 57 vezes seguidas e nem quando eu bombardeio sua caixa
de email com citações do Caio Fernando de Abreu. Nem Freud pode explicar, mas
se eu tivesse tomado vergonha na cara e terminado aquela graduação em
psicologia, com certeza convenceria todo mundo de que isso não chega perto de
ser depressão. Não é depressão só porque minha mãe entra no meu quarto para
abrir as cortinas fechadas desde o domingo passado e nem porque ela comprou
aquele best seller de auto-ajuda no meu aniversário. Não é depressão, é só querer deitar no chão
do banheiro e deixar a água cair na cabeça por uns 5 anos seguidos, no mínimo. Mesmo assim não é depressão, eu juro.
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